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José Maria Lisboa

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José Maria Lisboa
José Maria Lisboa
Nascimento 18 de março de 1838
Lisboa
Morte 20 de novembro de 1918 (80 anos)
Sepultamento Cemitério da Consolação
Cidadania Brasil
Cônjuge Ana de Castro Lisboa
Filho(a)(s) Maria Mercedes Lisboa
Ocupação jornalista

José Maria Lisboa (Lisboa, 18 de março de 1838 - São Paulo, 20 de novembro de 1918) foi um jornalista luso-brasileiro.

Em Portugal, trabalhou no Diário de Notícias e em outros jornais menores. Vindo para o Brasil, deu continuidade à sua vida como tipógrafo e jornalista, radicando-se na cidade de São Paulo em 1856, sendo logo contratado pelo Correio Paulistano.

Depois dessa primeira experiência, trabalhou e ajudou a fundar vários periódicos. O mais importante deles foi o diário "A Província de São Paulo",[1] fundado em 4 de janeiro de 1875, que mais tarde viria a chamar-se O Estado de S. Paulo e tornar-se um dos mais importantes jornais do Brasil. A Província era dirigida por Francisco Rangel Pestana e Américo Brasílio de Campos e tinha José Maria Lisboa como gerente e redator.[2] Em 1884, Américo de Campos e José Maria Lisboa desligam-se do jornal. Alberto Sales substituiu Lisboa, passando a atuar como redator e tornando-se coproprietário do jornal. Sales permaneceu ligado ao jornal até 1886 quando foi substituído por Júlio Mesquita.

Foi n'A Província que José Maria Lisboa e Américo de Campos aproximaram-se.

Deixando A Província, Lisboa e Américo de Campos criaram seu próprio jornal a 8 de novembro de 1884, ao qual batizaram com o nome de Diário Popular.[3] Foi então criada a tradicional logomarca do Diário Popular - em letras góticas, num negro chapado - que era uma reminiscência emocional de José Maria Lisboa ao Diário de Notícias português, onde ele começara sua carreira jornalística. A logomarca foi substituída em 1990, quando a propriedade do jornal já não estava mais nas mãos da família Lisboa.

Dois anos depois, em 1886, o jornalista Alberto Sales - irmão do futuro presidente da República Manuel Ferraz de Campos Sales (15.11.1898 a 15.11.1902) - também deixa A Província e vai para o Diário Popular.

Desde o seu primeiro número, o jornal era declaradamente abolicionista e republicano. A maioria dos jornalistas da época, como descreve Nélson Werneck Sodré na sua História da Imprensa no Brasil , era ligada às lojas maçônicas. A Maçonaria desde o século XVII funcionava, em Portugal e no Brasil, como um partido político ligado ao liberalismo, ao positivismo e aos ainda ressoantes ideais da Revolução Francesa, de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, canalizando assim a garantia das liberdades individuais.

Como "articulista de fundo", no jargão jornalístico daquele tempo, o jornal contava com Aristides Lobo, que proporcionou ao jornal o "furo" nacional da Lei Áurea, já na edição vespertina de 14 de maio de 1888, um feito para a época.

Foi no Diário Popular fundado por José Maria Lisboa que Aristides Lobo escreveu o famoso registro jornalístico sobre a ausência de participação popular na Proclamação da República: O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada, em artigo escrito no próprio dia 15, e publicado no "Diário Popular" de 18 de novembro de 1889.

Túmulo de José Maria Lisboa e familiares no Cemitério da Consolação em São Paulo (2022)

Com a Proclamação da República, Américo de Campos foi nomeado cônsul do Brasil em Nápoles. Assim, Sales e Campos venderam sua parte na sociedade a Lisboa e tomaram rumos essencialmente políticos, deixando o jornalismo.

A Redação do Diário Popular funcionava em edifícios do centro de São Paulo, sucessivamente na rua do Rosário (hoje João Brícola), na rua do Carmo e na rua Major Quedinho, 28; neste último endereço, numa elipse da história, no mesmo prédio em que durante anos esteve instalado O Estado de S. Paulo.

Jornal simples, caracterizava-se pela inclusão de inúmeros pequenos anúncios, voltados para a procura de empregos e empregados e oferta de negócios menores, fato que garantiu independência de grandes anunciantes. Fazia jus ao seu nome e tinha razoável tiragem e uma reputação de diário descomprometido, honesto e financeiramente sólido. Tanto que o historiador Afonso de Freitas indica-o como "o mais popular de todos os periódicos da capital, principalmente entre as classes menos favorecidas". Os argumentos do historiador são o preço e a facilidade de acesso às colunas do jornal quando se tratava da defesa de ideias "justas". (FREITAS, Affonso Antônio de. A imprensa periódica de São Paulo desde os seus primórdios em 1823 até 1914. São Paulo, Typ. do Diário Oficial, 1915, p. 290)

Com essa linha editorial, o jornal manteve-se na quarta posição entre os jornais paulistanos até a década dos 1980, como asseverou Alberto Dines, no seu Observatório da Imprensa, em edição de 2001. Em 1988, Rodrigo Lisboa Soares, bisneto de José Maria Lisboa, o fundador, vendeu o jornal ao grupo empresarial do político Orestes Quércia. Em 2001, mudou novamente de mãos, sendo adquirido pela empresa que edita O Globo e rebatizado com o nome de Diário de S. Paulo, título que antes pertencia aos Diários Associados.

Referências

  1. «Tipografia Paulistana». www.fau.usp.br. Consultado em 15 de outubro de 2021 
  2. «'Estado', uma trajetória de luta». www2.senado.leg.br. Consultado em 15 de outubro de 2021 
  3. Thalassa, Ângela. «Correio Paulistano: o primeiro diário de São Paulo e a cobertura da Semana de Arte Moderna.» (PDF). PUC - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: 30. Consultado em 15 de outubro de 2021